sexta-feira, 26 de maio de 2017

Puro Amor- terceira [e última] parte!

Dói. Magoa. Sentimos-mos no alto mar das emoções sem saber para onde remar. Mas não se morre. E à semelhança de uma perda efectiva, é obrigatório o luto.



Não importa a forma como nos conhecemos, mas como nos entregamos.

Quando acabamos uma relação, por vontade da outra parte, sentimos-mos impotentes. Raramente há uma explicação ou mesmo que a haja, invulgarmente sustentada de forma coesa. Há sempre pontas soltas. E são estas não respostas que nos prendem e nos tornam naquilo que nunca fomos antes: inseguras. 

Esse é o ponto forte - e fraco. Sobreviver é o grande objectivo.

Em Recomeçar partilhei que devemos compreender quem não nos quer, para que possamos ser compreendidos por não querer. Sair da relação com dignidade, e a consciência de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Acabou, é o foco.

Jamais faria um escândalo ou pedincharia a alguém para ficar comigo, acato este tipo de decisões como se de uma sentença se tratasse, bem-dita maturidade.

É impossível, durante os primeiros tempos, não fazermos uma retrospectiva. A cabeça só pensa naquilo, o coração fica irrequieto e tudo perde o sentido. Erradamente, achamos sempre que o problema é nosso.

Escrevi também sobre o medo de que os homens têm pela igualdade. Mulheres Modernas O pânico de não dominarem. O desconforto da forma como uma Mulher enfrenta a vida, sem medos. É para assumir, assumimos. É para fugir, fugimos! Não há meio-termo. Ou é, ou não é.

Acabar é, por vezes, a saída mais fácil.

Sempre que acabei relações, fui correta. Primeiro, nunca o fiz por ter conhecido alguém, nem movida pela coragem que isso proporciona, fi-lo por pura insatisfação. Nunca trai. O que sempre me deu bastante segurança para ser frontal, honesta e assertiva na decisão. Tenho o meu passado extremamente bem resolvido. E esta liberdade, permite-me uma autonomia de movimentos e comportamentos que fazem toda a diferença no presente. É impreterível que seja feito pessoalmente, por respeito.

E-me tão difícil interessar por alguém, que quando acontece sinto-me privilegiada, e talvez seja esse apreço, que me finta.

Por exclusão de partes, sobejam dois motivos fortes para acabarmos uma relação: o desinteresse ou o medo - e a parte boa, é que atingi o nível em que não quero saber.

Sei que fazíamos amor, como quem dança um tango - e isto reduz a estatística.

Mas preciso mais do que um amante, preciso de um companheiro disposto a partilhar a vida, sem jogos ou omissões. Sendo a maior toxicidade de uma relação, desencadeando na inevitável desilusão.

Não considero uma perda de tempo só porque não resultou, foi enriquecedor. Tinha tudo para ter resultado e perdurado, se assim não aconteceu, paciência.

Os Homens de hoje, só o são muito tempo depois do que deveriam.

Não sou do tipo de chorar compulsivamente, mas sinto uma ira - a roçar a frustração - desmesurável. 

Estava tão disposta a mudar o título do blog: Solteira Comprometida aos 30´s. - soava lindamente.

Hipotequei todo este tempo à espera daquilo que se tornou um nada. Está na hora de fechar este ciclo de três temporadas - uma espécie de final de campeonato em que é necessário mudar de treinador para se atingirem outros objectivos - e esta foi a forma mais pomposa que encontrei. Partilhar contigo, o que foram os meus pensamentos e desejos durante as tuas ausências e permanecias. A esperança de que tudo iria correr bem, era só dar tempo ao tempo. O tempo, esse bandido ao qual me vou aliar, para te esquecer. E se por acaso, estranhares alguma das coisas que eventualmente leias, então é porque nem sequer me conheceste. E isto sim, é triste.

Dando seguimento à analogia do futebol, nunca permitam que vos sentem no banco, se não vos põem a titulares na vida, ou se nem vos convocam, é porque não contam convosco, não se iludam.

Não te odeio, talvez fosse mais fácil. Como diria Florbela Espanca: Ódio por Ele? Não... Se o amei tanto [ ... ] Ódio por Ele? Não... não vale a pena.

Agora é tempo de virar a página.

Desejo, do fundo do coração, que sejas muito Feliz.

Fim. 

Ps. Pensei, de verdade,  partilhar o link do blog com Ele, desta forma estaria em paz comigo. Por falta de coragem ou merecimento, não o fiz. Pode ser que um dia, ele tropece por aqui, e se identifique com o conteúdo.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Puro Amor - parte II


Meados de Maio de 2014


Lembro-me que o dia tinha corrido pessimamente e questionava o Universo pela fase tão má que estava a passar.


Contei o episódio Puro Amor - Parte I à minha confidente, e ela, entusiasticamente comentou: acho espectacular essa aplicação, nas nossas idades é tão difícil conhecermos pessoas, que pode ser vantajoso, não tens nada a perder.

 Fiquei a pensar... 


Ganhei coragem, abri a aplicação, aumentei o raio de acção - sendo que já tinha esgotado uns bons quilómetros - mas o método estava semelhante, deveria de estar a excluir com tal rapidez e raiva - no fundo não queria nada daquilo - que o meu mano, ao meu lado me perguntou porque estava tão enfurecida com o telemóvel. Contei do que se tratava. E ele disse, muito calmamente, porque não tentas respirar entre cada pessoa que aparece, vês com mais calma e quiçá decides com mais serenidade. Pareceu-me tão lógico, que assim fiz.


Quatro foram as pessoas a quem disse sim. Quatro foram os “matchs”. Três deles, pouco mais falamos além do “de onde és” e “o que fazes”, a fazer lembrar os velhos tempos do mirc. O único com quem a conversa se prolongou, foi com Ele. A conversa fluía, e desde o primeiro dia, foi diferente... 


Dias mais tarde, o meu cúmplice, anos mais novo, perguntou-me o ponto de situação - em tom de brincadeira. Respondi que estava a falar com alguma frequência com um rapaz que, contra todas as expectativas me parecia interessante, desta vez, em tom de protecção exigiu: mostra lá para ver se aprovo. Qual o meu espanto quando o reconhece. Tinham-se cruzado, recentemente, numa paixão comum. E foi esta corroboração, que me fez acreditar que podia ser a excepção à regra, mesmo no estranho mundo em que tudo mais parece uma ficção do que a realidade. 


Passaram umas semanas. 


A minha curiosidade era aguçada a cada troca de mensagens, o meu coração palpitava a cada sonido de chegada de mensagem, precisava de o ver pessoalmente, embora me fizesse de difícil, estava mais do que ansiosa, estava desejosa.


Chegou o dia.


Combinamos à última da hora, ambos tínhamos um jantar e quando saí perguntei se estaria por perto ao qual respondeu: em dez minutos estou ai. Esperei no local combinado. Os dez minutos pareciam uma eternidade. Só pensava que estava completamente apaixonada por alguém que nunca tinha visto, e que nos próximos minutos tudo podia acontecer, ou me arrebatava ou me desiludia. O carro parou atrás do meu, saiu do carro 1,90 de homem, aproximou-se de mim, que esperava petrificada, completamente embevecida pelo que via. Chegou ao pé de mim, e deu-me o abraço mais apetecido de que tenho memória. Teceu-me os mais rasgados elogios, e verdadeiros ou não, foi a massagem que precisava ao meu ego. Pelo tardar da hora, combinámos que nos víamos noutro dia num encontro menos tardio, mas movidos pelo momento, num ápice passaram dois pares de horas, a conversa não esgotava, o sentido de humor inteligente prendia-me cada vez mais, e o meu coração percebeu que, a vivência até ali, não era nada comparada com o que estava prestes a acontecer.


Os dias que se seguiram, foram de medos e inseguranças. Não me queria magoar e percebia que me estava a deixar levar pelas emoções.


Arrastámos este romance por três anos. 


Durante este tempo, duas vezes foi, duas vezes voltou. 


Sempre que reaparecia, contrariava as minhas convicções e cedia, de coração e braços abertos para o acolher novamente. Voltava ávido de saudades, de forma sentida. 


Sempre fui verdadeira, mas confesso que omiti duas coisas durante este tempo, foi este blogue, só assim mantinha a liberdade de escrever. E o facto de estar perdidamente rendida, ao ponto de ter a certeza que nunca amei antes, não com a intensidade, a certeza e a serenidade que a maturidade me permite. Foi intenso. Foi verdadeiro. Foi puro. É Amor.


Aconteceu uma terceira…  Que seja o que tiver de ser. E se não for mais nada, o que vivi, ninguém me tira.


sábado, 13 de maio de 2017

Parabéns Portugal, parabéns Salvador!

Esta maravilhosa letra, parece escrita para mim.
 
Amar pelos dois

Se um dia alguém perguntar por mim
Diz que vivi para te amar
Antes de ti, só existi
Cansado e sem nada para dar

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender

Se o teu coração não quiser ceder
Não sentir paixão, não quiser sofrer
Sem fazer planos do que virá depois
O meu coração pode amar pelos dois

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Puro Amor - Parte I


Meados de Abril de 2014

Já era final do dia, a alemã - que já nem sei o nome - tinha chegado, penso que na véspera, e estava desejosa de conhecer a noite lisboeta. O combinado era nos encontrarmos na casa da amiga comum, e seguiríamos as três para um simpático restaurante onde se juntaria um quarto elemento.

Mas antes, mal me abriram a porta, convencera-me e instalaram-me aquela aplicação que começa por T acaba em R, e tem como objectivo cruzar pessoas, verdade seja dita que não sou apologista dessas modernices, desconfio de tudo e de todos, mas dadas as circunstâncias e o entusiasmo da alemã, não tive sequer tempo de pensar, nem tão pouco percebia o funcionamento, não quis parecer obtusa e permiti. 

Pelo caminho, foi-me a explicar o procedimento, mas como aquilo mais parecia a montra de um shopping, eu dizia “não” a todos, porque me pareciam pouco fiáveis e demasiado “capa de revista”, a aplicação em vez de me chamar esquisitinha, informou-me: “não tem mais contactos no raio pretendido”. Acatei.

Ela percebia português com música - brasileiro! 

Conversa puxa conversa, e ao nos apresentarmos - só uma conhecia todas - com o tinto que por si só fazia de desbloqueador, descobri que tinha uma amiga em comum com a última rapariga que se juntou, e lá se foi a harmonia.

Vinha do trauma das minhas piores férias de sempre - num cenário que merecia ser carinhosamente relembrado - e sem perceber muito bem, entrei em modo non stop, esqueci-me completamente de falar em slow motion para que a amiga da Merkel não me considerasse a pior experiência por terras lusas.

Devia de estar a fazer um esforço tão grande, tal foi o excesso de informação, que a seguir ao jantar, passamos por um bar e rumamos a casa, ao que parece foi um jantar traumático, nem tive direito a uma segunda oportunidade, noutros tempos ter-me-ia metido na câmara de gás sem pensar duas vezes.

Dias depois, já sozinha, num daqueles dias em que tudo corre mal, resolvi aumentar o raio de acção sugerido pela aplicação e foi ai que tudo começou.

Moral da história, esta rapariga só entrou na minha vida, para basicamente me instalar a aplicação que viria a mudar a minha vida, porque foi através dela, e da curiosidade pela excitação que ela emanava que me fez conhecer o verdadeiro amor, enquanto sentimento. Embora achasse que sim, nunca antes tinha sentido amor por alguém. Amor puro, daquele que se quer para a vida.

Há pessoas que passam pelas nossas vidas, porque sim. Obrigada querida (i)nimiga.