sexta-feira, 5 de maio de 2017

Puro Amor - Parte I


Meados de Abril de 2014

Já era final do dia, a alemã - que já nem sei o nome - tinha chegado, penso que na véspera, e estava desejosa de conhecer a noite lisboeta. O combinado era nos encontrarmos na casa da amiga comum, e seguiríamos as três para um simpático restaurante onde se juntaria um quarto elemento.

Mas antes, mal me abriram a porta, convencera-me e instalaram-me aquela aplicação que começa por T acaba em R, e tem como objectivo cruzar pessoas, verdade seja dita que não sou apologista dessas modernices, desconfio de tudo e de todos, mas dadas as circunstâncias e o entusiasmo da alemã, não tive sequer tempo de pensar, nem tão pouco percebia o funcionamento, não quis parecer obtusa e permiti. 

Pelo caminho, foi-me a explicar o procedimento, mas como aquilo mais parecia a montra de um shopping, eu dizia “não” a todos, porque me pareciam pouco fiáveis e demasiado “capa de revista”, a aplicação em vez de me chamar esquisitinha, informou-me: “não tem mais contactos no raio pretendido”. Acatei.

Ela percebia português com música - brasileiro! 

Conversa puxa conversa, e ao nos apresentarmos - só uma conhecia todas - com o tinto que por si só fazia de desbloqueador, descobri que tinha uma amiga em comum com a última rapariga que se juntou, e lá se foi a harmonia.

Vinha do trauma das minhas piores férias de sempre - num cenário que merecia ser carinhosamente relembrado - e sem perceber muito bem, entrei em modo non stop, esqueci-me completamente de falar em slow motion para que a amiga da Merkel não me considerasse a pior experiência por terras lusas.

Devia de estar a fazer um esforço tão grande, tal foi o excesso de informação, que a seguir ao jantar, passamos por um bar e rumamos a casa, ao que parece foi um jantar traumático, nem tive direito a uma segunda oportunidade, noutros tempos ter-me-ia metido na câmara de gás sem pensar duas vezes.

Dias depois, já sozinha, num daqueles dias em que tudo corre mal, resolvi aumentar o raio de acção sugerido pela aplicação e foi ai que tudo começou.

Moral da história, esta rapariga só entrou na minha vida, para basicamente me instalar a aplicação que viria a mudar a minha vida, porque foi através dela, e da curiosidade pela excitação que ela emanava que me fez conhecer o verdadeiro amor, enquanto sentimento. Embora achasse que sim, nunca antes tinha sentido amor por alguém. Amor puro, daquele que se quer para a vida.

Há pessoas que passam pelas nossas vidas, porque sim. Obrigada querida (i)nimiga.

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